A angústia e o amor

            Eu entendo e já estou bem ciente que os próximos posts deste blog serão mais sombrios e tristes que o usual. Não é fácil passar por tanta mudança tal qual venho passando e a cada dia mais eu venho conhecendo a outra face da minha angústia. Não bastante esse monte de sentimento confuso, esse monte de verdade que passou a ser relativizada, esses novos papéis que eu incorporei, eu ainda busco cada dia mais entender mais sobre as questões da alma. Se por um lado tudo isso ajuda a aliviar minha angústia, por outro lado eu vou ficando mais paranóica.


                Eu sou uma pessoa extremamente falante. E isso é muito difícil até para mim: a minha mente não para um minuto, eu sou capaz de pensar sobre diversos assuntos e mudo os temas dentro da minha cabeça em um piscar de olhos. Como aconteceu no último sábado, em que eu fiquei extremamente curiosa sobre o índice glicêmico do caldo de cana. Eu adoro essa bebida, mas sempre a vi como uma vilã, a que está na seara do quebra-queixo, do açúcar refinado, do algodão doce. Mas quando descobri que ela possui um IG menor que o arroz branco, alimento que como todos os dias, eu fiquei maravilhada. E também quando descobri a série de vitaminas, me deu vontade de escrever um artigo sobre. Tudo isso enquanto eu esperava o pão de queijo ficar assado, em um sábado frio pela manhã. Muito doido, não? Ou será que isso é o normal?


                Hoje a minha angústia reside no que eu sei sobre mim, sobre o que eu quero, sobre o meu desejo, sobre a falta, sobre o amor. Eu sei que amo o homem da minha vida, mas sei também da decepção que passei e não sei se quero retomar ao namoro de antes. Será que ele mudou? Será que devo realizar uma nova aposta? Será que eu devo contar tudo o que vivi enquanto estávamos separados? Como será nosso futuro?


            E dentro desta esfera de decepções, depois de anos convivendo com um homem só, os mistérios dos relacionamentos heterossexuais também passa a ocupar minha cabeça, muito embora eu só tenha entrado neles pra afastar tanta dor e tanta angústia. Porque os homens complicam tanto? Porque eles mentem e agem para nos enganar? Acho que, não tão ao fundo, eles têm o ego muito frágil e precisam agir de modo a parecerem sempre fortes, não parecerem frágeis, estarem sempre com a razão. Porém, os homens não são iguais, é muito preguiçoso da minha parte pensar assim. Alguns são mais escrotos, outros são carinhosos, legais, gostam de te ouvir, conhecem seu gosto, te fazem sentir muito prazer em existir, te fazem desejadas, a pensar em um futuro com muito carinho. E isso é lindo. Não devíamos deixar a vida nos atravessar e afastar esse amor lindo e maturo. Também não devíamos fazer esse jogo de ego, de fingir que não se afeta, quando na verdade tudo é decepcionante. Uma coisa que aprendi esses dias em um livro é que a realidade é decepcionante, que a fantasia sempre será melhor que a vida real. Acho que fiz muito isso nos últimos meses frios da Alemanha, enclausurada dentro de casa, muito triste e infeliz: criei várias fanfics na minha cabeça. Imaginei uma história e um futuro que realmente só existiam na minha cabeça. E que bom que existiram na minha imaginação, porque isso me fez disassociar de muita coisa.


        Eu devo muito agradecer a Deus pela sorte do meu amor tranquilo. Pelos banhos de banheira juntinhos, pelos cafés da manhã na cama, pelas sessões de The Office, pelas cervejas e vinhos tomados nas sextas pós expediente, pelos beijinhos e amassos durante expediente, pelos sonhos e planos pro futuros feitos em cima de uma cama, pelos podcasts e playlists escutados na estrada, pelas receitas cozinhadas juntos, pelos reencontros nos aeroportos e rodoviárias do Brasil e do mundo, pelas viagens de trem com a cabeça encostada no ombro, pelos treinos e calorias gastas em conjunto, pelas praias e retornos cheios de areia nas pernas, pelas danças peladas no meio da sala, pelas compras feitas e pitacos e dicas de qual roupa&sapato te cai melhor, pelas horas e horas e horas de chamadas de vídeo e te telefone, pelo corpo sarado e gostoso que dorme e acorda comigo todo dia, por todo amor e carinho recebido. Às vezes acho que minha mente não se dá conta de quanta coisa boa eu mereço. E sei também que o estilo de amor que eu aprendi me faz me inclinar muito pra coisas complicadas. Eu só sei que também tenho direito a ter neuroses. 


            No fundo, eu só quero amar e ser feliz.

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